Festejos de Oxum e Iemanjá

Intolerância religiosa, sincretismo e matrizes africanas são debatidos no Centro Cultural

Na noite desta quinta-feira, 01, pais, mães e filhos de santos, adeptos e comunidade participaram da mesa redonda com o tema “Nas Águas da resistência, na luta contra a intolerância” mediada pelo pedagogo Ari Fernandes e a participação dos professores Dr. Zózimo Trabuco e Dr. Gildeci Leite. O encontro de viés antropológico foi promovido pela Associação Barreirense de Umbanda e Candomblé e Prefeitura de Barreiras em parceria com a UNEB CDH/Campus IX e UFOB, trazendo uma pauta singular de discussões durante os festejos de Iemanjá e Oxum.

Os participantes estavam emanados no sentimento de fé e gratidão pelas rainhas das águas, o debate discorreu sobre o sincretismo, religiões de matriz africana, preconceito entre os espiritualistas, gastronomia do afoxé, além de religiões extremistas, e comportamento social diante a confirmação religiosa dos cidadãos.

O presidente da ABUC, Simão Vilas Boas, informou que o maior objetivo de reunir a comunidade nessa discussão é abrir o diálogo e a reflexão. “Temos que trabalhar as diferenças da sociedade, em um processo de parceria e transmitir aquilo que nos deixa vulnerável, enquanto minoria religiosa”, pontuou Simão.

Para o doutor em Difusão do Conhecimento e Literaturas Africanas e Afro-Brasilidades, Gildeci Leite, há duas explicações para a intolerância religiosa africana. Por um lado o racismo e a discriminação que remontam à escravidão e que desde o Brasil colônia rotulam tais religiões pelo simples fato de serem de origem africana, e, pelo outro, a ação de movimentos neopentecostais que nos últimos anos teriam se valido de mitos e preconceitos para “demonizar” e insuflar a perseguição a umbandistas e candomblecistas.

A diretora de cultura, Emília Moreno citou a importância de valorização cultural e religiosa dos festejos de Iemanjá e Oxum, e disse que esses encontros são instrumentos para quebrar paradigmas criados historicamente. “Temos uma essência diferente e uma pluralidade cultural muito distinta aqui na Bahia. Precisamos respeitar e conhecer as religiões para dissolver nossos preconceitos, e trabalhar a harmonia na sociedade. Nosso objetivo é continuar avançando nessas discussões, valorizando sempre as manifestações culturais e religiosas do nosso povo”, enfatizou.

A secretária de educação, Cátia Alencar também esteve presente e foi enfática ao pontuar a magnitude do encontro, a participação dos terreiros e povos de santo. “Foi um encontro muito positivo, participativo e informativo. Sabemos que é preciso romper o preconceito, respeitar e conviver harmoniosamente com todas as formas de culto, mas ainda temos em nossa sociedade essa transgressão de valores, onde as pessoas apontam, criticam e usam até da violência para recriminar a religião”.

No final, todos os participantes foram convidados para a Festa de Iemanjá e Oxum no Cais do Rio Grande, que acontece hoje, 02, com a concentração prevista para as 16h e saída do cortejo terrestre as 18h, encontrando com o cortejo fluvial que trará as imagens das orixás ás margens do Rio Grande. Também haverá o momento da entrega das oferendas e ato litúrgico, finalizado com uma grande roda (xirê), onde pais e mães de santo abençoarão os participantes.

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