Expoagro

Desde os princípios da colonização do Brasil que a região de Barreiras foi habitada, desenvolvendo seu potencial para a produção de alimentos e algodão. Sua situação geográfica propicia isso, banhada que é pelo rio Grande, afluente do São Francisco, e uma grande bacia de rios perenes, além de ter bons terrenos e um sistema regular de chuvas. Desse modo, a agricultura e a criação de gado foram se expandindo, sendo beneficiadas, já no século XX, pela importação de reprodutores bovinos e de cavalos de raças puras, para aqui trazidos pelo grande empreendedor Dr. Geraldo Rocha, que, com seu cunhado, Coronel Antônio Balbino de Carvalho, e outros sócios, também aqui implantaram uma hidrelétrica, inaugurada em 1928. Com a eletricidade, pôde ser criado por Geraldo Rocha, um grande matadouro-frigorífico, que influenciava positivamente a agropecuária, gerando também numerosos empregos. Outros empreendedores instalaram indústrias beneficiadoras de algodão, arroz e milho e ainda um fábrica de tecidos de algodão.

Mas foi no início de 1970, que um dinâmico Prefeito de Barreiras, Baltazarino Araújo Andrade, descortinou a importância que teria a criação de uma exposição-feira agropecuária e foi, para isso, apoiado pela família Rocha-Antônio Balbino de Carvalho, herdeiros do Dr. Geraldo Rocha. Eles doaram à Prefeitura um amplo terreno situado bem no centro urbano da cidade, à margem esquerda do rio Grande, no bairro Barreirinhas. O Parque de Exposições! A construção foi iniciada por Baltazarino em 1975, recebendo muito apoio do 4º BEC, que era comandado então pelo Coronel Celso Viana, bem como de outros órgãos do governo, sendo inaugurado em julho de 1976, com a Primeira Exposição-Feira Agropecuária de Barreiras.

Construção de pavilhão do Parque

Com o evento, foram atraídos pecuaristas de várias partes do Brasil, que trouxeram seus animais reprodutores, aqui comercializados através de empréstimos bancários, com juros e prazos vantajosos para os criadores locais, o que passou a beneficiar imediatamente a pecuária de Barreiras e de toda a região Oeste. Vários outros produtos rurais, máquinas, animais como ovinos e caprinos logo também passaram a fazer parte da mostra, que, a cada ano, aumentava seu leque de produtos e atrações, ficando conhecida pelo Brasil a fora.
Ainda toda uma parte de lazer foi montada, com parque de diversões, shows de Luiz Gonzaga e outros artistas famosos, locais para bailes, restaurantes, bares, enfim todo um lado social que atrai para Barreiras um grande público das cidades circunvizinhas, além dos próprios barreirenses, inclusive os que estão espalhados por tantos lugares do Brasil. A Exposição, como é conhecida, tornou-se um ponto de encontro já tradicional e muito querido pelos barreirenses, com trinta e seis anos de realizações e sucesso de público, negócios e divertimento e lazer.
O terreno doado pelos Rocha-Balbino à Prefeitura, tinha diferenças no nível do solo, o que proporcionou maior beleza à construção das estruturas do parque de Exposições Dr. Geraldo Rocha, tornando-o um dos mais bonitos do Brasil.
Sempre realizada anualmente em julho, alguns Prefeitos, porém, deixaram, em certos anos de organizar a feira, que, no ano de 2008, foi antecipada por Saulo Pedrosa, para coincidir com os festejos de São João, o que ainda mais abrilhantou o acontecimento.
Desde 1976, a cada ano são acrescentadas novas instalações no local, como a Escola do Parque, prédio escolar amplo e bem estruturado, construído na primeira gestão de Saulo Pedrosa e que tem a parte frontal das salas de aula feitas de forma a poderem abrir-se inteiramente para o parque, sendo utilizadas todas como restaurantes, nos sete dias em que se realiza a exposição agropecuária.
E ainda há um prédio onde funciona, durante todo o ano, uma oficina de produção de artesanato típico da região, que funciona como loja, para comercialização dos produtos feitos ali, durante os dias da exposição.
Igualmente possui pavilhões diversos e numerosos prédios onde, durante o ano, funcionam Secretarias Municipais e, no evento da exposição, abrigam Bancos e outras instalações. Há salas para várias Associações, como as de criadores de bovinos e de caprinos e, nas amplas áreas abertas, funcionam diversas atividades, como a prática e aulas de aeromodelismo e equitação.
Valor simbólico do Parque

O Parque de Exposições Engenheiro Geraldo Rocha é uma ampla área, parte do terreno pertencente ao maior dos barreirenses por adoção, Dr. Geraldo Rocha, que ali fez construir, do ano 1920 a 1928 a Hidrelétrica Rocha, segunda hidrelétrica do Estado da Bahia, que proporcionou a Barreiras eletricidade farta e barata, com que, além da iluminação das ruas e casas, através da industrialização, Barreiras pôde aproveitar seus amplos recursos agropecuários, com um grande matadouro-frigorífico, instalado em local próximo à hidrelétrica, pelo próprio Dr. Geraldo Rocha, além de serraria. Diversas indústrias beneficiadoras de arroz, milho e algodão, inclusive fábrica de tecidos, empreendimentos feitos por diversos barreirenses foram surgindo na cidade, em face da energia hidráulica, farta e barata. A citada hidrelétrica, hoje em desuso, pertencente à Coelba, e – para nossa tristeza – em ruínas, ainda tem sua sede, turbinas etc., situadas a pequena distância do Parque de Exposições, bem como o matadouro-frigorífico, também arruinado, pertencente, por compra, à Prefeitura Municipal de Barreiras. Em frente ao Parque de Exposições, onde atualmente se localiza um grande pátio de estacionamento que também pertence ao Município de Barreiras, localizava-se o Aviário, ali implantado igualmente pelo Dr. Geraldo Rocha, durante a década de 1940, sendo que a parte construída nesse pátio reverte ainda às antigas instalações do Aviário. Nesse empreendimento da década de 1940, moderno para a época, implantado com todas as regras para tal, criava o Dr. Geraldo Rocha diversos tipos de galináceos das melhores raças puras, trazidos os pintos de um dia, em caixas, diretamente dos Estados Unidos, através dos aviões da Companhia Pan American, que realizavam os voos internacionais Miami/ Belém/ Barreiras/ Rio de Janeiro/ Buenos Aires. O pouso em Barreiras era essencial para o reabastecimento de combustível das aeronaves, que não tinham, na década de 1940, a mesma autonomia de vôo que as atuais, havendo sido para isso construído o aeroporto de Barreiras, iniciado em 1937. O Aviário em foco dotou Barreiras de excelentes aves de raças puras, bem como de seus ovos, que, além do consumo pela população eram adquiridos para a introdução de melhoria genética das raças criadas por toda a região.

Matadouro-Frigorífico, Hidrelétrica, Serraria, Aviário como que formavam um quadrilátero de progresso, desenvolvimento, geração de empregos e – por que não dizer?- fonte de orgulho, exemplo de empreendedorismo e cidadania, formação de uma forte identidade progressista e acendrado senso de pertencimento para os barreirenses. Até hoje, as fotos de tais monumentos históricos, junto com as do aeroporto e dos navios no rio Grande, são o que de melhor simbolizam Barreiras para os barreirenses e ilustram as paredes de residências, empreendimentos comerciais, sítios na Internet, livros históricos…
Toda a parte da curva do rio Grande, hoje chamada “Baía de Guanabara”, que é parte integrante do Parque de Exposições era coberta de capim , onde pastava o gado de raça, para aqui também trazido por Geraldo Rocha e que, vendido aos fazendeiros, representava melhoria genética para o rebanho…
Toda essa extensa área fronteira à curva do rio Grande, décadas após o falecimento do Dr. Geraldo Rocha foi generosamente doada a Barreiras, “de boca”, como antigamente se fazia , pelo seu sobrinho e herdeiro, ex-Governador baiano Dr. Antônio Balbino de Carvalho Filho, para ali ser construído, em 1975, o Parque de Exposições, pelo Prefeito Baltazarino Araújo Andrade. O próprio fato de à época da doação, na década de 1970, não terem havido documentos cartoriais (só agora assinados entre a Prefeita e os descendentes do Doador) comprova que essa doação era alguma coisa orgânica, profundamente ancorada em laços afetivos e de pertencimento, simbólica de tudo aquilo que o local representava no capítulo formação de identidade para os barreirenses! Jamais um mero terreno para balcão de negócios e exploração imobiliária!!

Fonte: Site Histórias de Barreiras por Ignez Pitta
http://www.historiadebarreiras.com

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